segunda-feira, 22 de março de 2010

O impasse da eleição indireta

Com a cassação definitiva do governador José Roberto Arruda cabe à Câmara Legislativa levar adiante a eleição indireta para escolha do novo governador do Distrito Federal até o final do mandato.

Apesar de toda a discussão na Casa, não é a definição das regras para a eleição que anda tirando o sono dos distritais. Candidato filiado a partido político, com mais de 30 anos de idade, domicílio eleitoral no DF, prazos para inscrição das chapas, forma de discursos… são requisitos fáceis, e consensuais, a serem determinados. A dificuldade que tem esquentado os debates na Casa encontra-se em outro acerto: quem, afinal, será o candidato?

A questão é bastante delicada. Os distritais pretendem eleger uma pessoa que seja de confiança, vinda do meio político, que não os ameace eleitoralmente, mas que consiga manter as boas relações com a Câmara Legislativa e tocar o governo até o final do mandato sem grandes invencionices. Dentro deste perfil, o nome ideal, fosse ele qual fosse, sairia de forma natural da própria Casa - ainda que exigisse debates e acordos específicos entre eles. Mas o ideal para eles soa como acinte para a opinião pública.

Interessadas na eleição indireta como forma de conseguir alguma paz no cenário político da capital, sociedade e entidades sérias discordam de que esse objetivo poderia ser atingido com um governador-deputado. A justificativa é simples e não envolve nenhum juízo pessoal contra parlamentares. Ocorre que, em toda esta crise, desde a revelação das denúncias da Caixa de Pandora, a Câmara pouco se posicionou de forma isenta. É claro para a população que os distritais passaram agir somente após a prisão do governador cassado José Roberto Arruda e da ameaça concreta de intervenção. Diante disso, como dar agora um crédito de confiança a algum deles para que governe a cidade até o final da crise? Um governador-distrital parece muito mais à população como a continuidade dos problemas do que como solução para eles.

E os distritais sabem disso. Daí o grande dilema: como responder às exigências da sociedade e evitar a intervenção sem perder o controle do que ainda resta da política do DF? Difícil responder.

Fonte: Blog da Paola

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