sábado, 23 de outubro de 2010

Articulações em ritmo acelerado na campanha petista ao GDF

Deuno Correioweb - A vantagem do PT nas pesquisas tem atraído muitas alianças - algumas explícitas, outras de bastidores

Luísa Medeiros
Ricardo Taffner

As negociações de apoio continuam a todo vapor na campanha ao Governo do Distrito Federal. Enquanto a Coligação Esperança Renovada tem o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) no centro das articulações, a Um Novo Caminho conta com grupo liderado pelo vice da chapa, Tadeu Filippelli (PMDB). Faltando apenas oito dias para a votação, parlamentares eleitos e derrotados no primeiro turno tentam acertos de última hora. Alguns são proibidos pelos próprios partidos de declarar apoio público ao concorrente da coligação adversária e acabam declarando neutralidade, enquanto nos bastidores trabalham com quem realmente querem.

Grande parte das negociações a favor de Agnelo Queiroz (PT) ocorrem em um apart-hotel à beira do Lago Paranoá. Por lá, passaram e passam, diariamente, diversos políticos interessados em embarcar na campanha petista. A ordem da coordenação é aceitar a adesão de todos, sem distinção. A favor do ex-ministro do Esporte estão as últimas pesquisas de opinião, que lhe dão significativa vantagem em relação a Weslian Roriz (PSC). Com medo de ficarem fora do próximo governo, aliados e adversários começam a inchar o time de Agnelo.

Até membros da mesma coligação estão fazendo questão de se declarar publicamente ao líder, como o suplente de deputado distrital Dr. Charles (PTB). Há quase quatro meses, ele está coligado com o grupo do PT, mas somente na noite de ontem decidiu selar a união. Ele diz ter respeitado a orientação do partido no primeiro turno, mas resolveu mostrar a cara somente agora porque houve pressão da militância. “Era para termos feito esse evento há uma semana, mas a agenda do Agnelo não permitiu. Vínhamos fazendo campanha para ele de forma menos explícita”, explicou Dr. Charles.

Garantidos
Ato idêntico promoveu Cristiano Araújo (PTB) no início da semana. Apesar de a mãe dele, Lurdinha Araújo (ex-candidata a deputada federal pelo PTB), apoiar a campanha rorizista, o distrital quis garantir o vínculo com a chapa petista. Assim, qualquer um que vencer a eleição no dia 31 terá o apoio da família. Até as datas de formalização dos apoios, nem Araújo nem Dr. Charles haviam aparecido na campanha do petista.

Na reta final da disputa, dois partidos importantes do grupo de Weslian contabilizam baixas significativas. As direções do PSDB e do DEM tentam conter traições com ameaças de expulsão, mas membros da cúpula da campanha de Agnelo afirmam terem feito acertos com parlamentares dos dois partidos. Os distritais Eliana Pedrosa (DEM), Raad Massouh (DEM) e Raimundo Ribeiro (PSDB) negam qualquer tipo de acordo. De forma a não criar problemas com nenhum lado, os três declararam neutralidade no segundo turno.

Filippelli assume ser o maior articulador da chapa e diz ter conversado, pessoalmente, com mais de 200 pessoas desde o início de outubro. A tarefa também é dividida com os petistas Paulo Tadeu e Roberto Policarpo. Segundo o candidato a vice, diversos derrotados que receberam entre 4 mil e 6 mil votos no dia 3, de quase todos os partidos, estão atrás dele para colocar os próprios comitês a serviço de Agnelo. O que é combinado em quatro paredes, Filippelli não diz. “Não existe a menor chance de estarmos discutindo cargos no próximo governo. Se houvesse isso antes das eleições, estaríamos implodindo a candidatura”, disse o parlamentar.

Sem posição
Apesar das negativas de Filippelli e dos próprios políticos, coordenadores da campanha garantem ter havido conversas entre o vice e deputados, como Milton Barbosa (PSDB), Paulo Roriz (DEM) e Aylton Gomes (PR). Por meio das assessorias de imprensa, Barbosa e Gomes negaram as negociações com os membros da chapa adversária. Entretanto, o tucano afirma não ter tomado nenhuma posição até agora. Por sua vez, o deputado do PR afirma estar trabalhando pela eleição de Weslian e que essas notícias sobre as articulações seriam “factoides para criar um mal-estar na chapa da candidata”. A reportagem tentou falar ontem com Paulo Roriz, que, segundo assessoria, estava viajando e incomunicável.

Entre militantes tucanos, é esperado para segunda-feira a divulgação de manifesto a favor de Agnelo. Salviano Guimarães se afastou da legenda para apoiar o ex-ministro e, agora, espera a adesão de outros correligionários. Segundo ele, que responde a processo de ética interno devido ao posicionamento, o documento foi repassado por e-mail aos 14 mil filiados da legenda. Entre os que estão aderindo à nova posição, de acordo com Salviano, estariam Gustavo Ribeiro — ex-secretário de Assistência Social do governo Roriz — e César Lacerda — administrador do Lago Sul.

Câmara fatiada
Quem assumir o mandato de governador a partir de 1º de janeiro de 2011 terá de negociar com 17 partidos políticos que ganharam pelo menos uma vaga na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Para formar uma base governista que garanta maioria, na melhor das hipóteses, será necessário atrair seis legendas. Na pior perspectiva, para ter 13 dos 24 votos possíveis, a bancada poderá ter de contar com 13 partidos diferentes.

PARA ONDE VAI O PP?
Nesta manhã, a Executiva Regional do Partido Progressista deve se reunir para decidir que rumo tomará neste segundo turno. O PP está coligado formalmente com a coligação de Weslian Roriz, entretanto ainda não confirmou a posição. A legenda é presidida pelo deputado distrital Benedito Domingos, que teve os bens bloqueados pela Justiça devido à Operação Caixa de Pandora. O Ministério Público pede o ressarcimento de R$ 6 milhões que teriam sido pagos ao deputado em troca de apoio ao governo Arruda. O deputado e os filhos dele são suspeitos de irregularidades em contratos com o GDF.

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