segunda-feira, 14 de março de 2011

Na região, PDB ainda é pouco debatido

Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC

O plano encabeçado pelo governador de Pernambuco e presidente nacional e do Estado do PSB, Eduardo Campos, e pelo secretário estadual de Turismo, Márcio França, de fundir a legenda com o PDB (Partido Democrático Brasileiro), sigla que será criada no fim do mês pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), ainda é vago para socialistas do Grande ABC.
A intenção da fusão foi selada durante encontro entre os três na Capital. O PDB seria trampolim para democratas e outros políticos trocarem de partido sem perder o mandato e Kassab se tornaria grande estrela do partido vislumbrando o governo do Estado e até a Presidência. Entretanto a ideia ficou resumida entre eles. "Nosso partido em São Paulo não tem vida partidária. O presidente é o dono dele, decide tudo sozinho. Não queria expor o assunto, mas não tive oportunidade de dizer internamente", afirmou a deputada federal Luiza Erundina. Ela foi a primeira a declarar publicamente opinião contrária à fusão e a expor os tramites adotados pela sigla.
As críticas ferrenhas da socialista consideram a negociação como maneira de burlar a lei. "Se isso vier a se concretizar não ficarei no partido, porque não tem como conviver com democratas de direita em um partido socialista. Mas eu acredito na percepção da Justiça para barrar essa burla", relatou. Secretário estadual do PSB, Wilson da Silva, desaprovou a fala e classificou a fusão como a "janela" ( troca de partidos) que todos esperavam.
Mandatário do diretório socialista de Diadema, Manoel José da Silva, o Adelson, compartilha da opinião de Erundina. A ideologia "antagônica" do grupo de Democratas - inclui integrantes da bancada ruralista contrários à reforma agrária - que Kassab pretende carregar para o PDB é o que incomoda os socialistas. "Não achei legal. É preciso ter respeito com a história de partido de esquerda do PSB. Não tem compatibilidade. Vamos mudar de nome, de número? Como vai ser?", disse Adelson. Também de Diadema, o parlamentar Célio Lucas de Almeida, o Célio Boi, descredita a ideia. "Estive com o Márcio e ele não me disse nada."
Mesmo com a negativa, os vereadores Almir Cicote (Santo André) e Antônio Cabrera (São Bernardo) aprovam a articulação política e consideram oportunidade de disputar a Presidência como terceiro maior partido.
O advogado da região, Alberto Rollo e o escritório Aguimar Gonzaga produziram o estatuto do PDB. Entre os dias 15 e 30 Kassab deverá promover assembleia de fundação da legenda. "Daí então levaremos os documentos para registrar em Brasília (no TSE, Tribunal Superior Eleitoral)", disse.
O jurista descartou a possibilidade de o PDB se transformar em trampolim. "Fundar um partido exige muito esforço e quando terminar eles vão estar cansados para pensar em fundir com outro. Eu sugeri ao Kassab que faça coligações para garantir o tempo de TV, não precisa fundir", disse. Rollo creditou as críticas a "invejosos" que sabem que o partido será forte.
Os democratas da região ligados ao prefeito da Capital ainda não estão fechados com a ideia do PDB. "Eu só vou se o Kassab for o manda chuva em São Paulo, pois não vou colocar meu mandato em risco", disse Manoel Lopes (de Mauá). Raimundo Salles, ex-prefeiturável de Santo André, disse que não mudará sua imagem que já está ligada ao DEM nesse momento. Evilásio Santana, o Bahia (Santo André), e Mauro Miagutti (São Bernardo) estão prontamente dispostos a seguir os passos de Kassab.
(Colaboraram Cynthia Tavares e Fabio Martins)

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